4 mil mortes em pouco mais de 24 horas, pessoas soterradas a morrer de hipotermia, o colapso de quase 6 mil edifícios e uma estratégia de emergência que não consegue dar resposta a tanta destruição – este é o cenário da Turquia após sofrer dois sismos de 7.8 e 7.5 na escala de Richter, os piores registados desde 1999.
Na verdade, a catástrofe não afetou só a Turquia, posto que os movimentos da terra têm sempre impactos nos territórios vizinhos. Assim, também a Síria – um país já gravemente afetado por uma das piores crises humanitárias do mundo – sofreu consequências deste terramoto, contando com mais de 800 mortes e milhares de feridos.
Resposta de emergência da ONU
O secretário-geral da ONU garantiu de imediato que “as Nações Unidas estão totalmente empenhadas em apoiar a resposta humanitária” e que as suas “equipas estão no terreno a avaliar as necessidades e a prestar assistência”.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) confirmou um total de 2 mil mortos e pelo menos 78 tremores de terra, ainda antes do segundo terramoto. Consequentemente, o Governo turco emitiu um alarme de Nível 4, apelando à ajuda internacional.
Equipas médicas de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) receberam luz verde para prestar cuidados essenciais aos feridos e aos mais vulneráveis, assim como as equipas especializadas do Gabinete de Avaliação e Coordenação de Catástrofes da ONU (UNDAC), que ficaram prontas para serem destacadas.
Também a Organização Mundial para as Migrações (OIM) disponibilizou a sua ajuda no terreno, prontificando as suas equipas, tendo o diretor-geral, António Vitorino demonstrado a sua solidariedade “com as pessoas na Turquia, na Síria, no Líbano, nos territórios Palestinianos, na Jordânia e a todas as pessoas afetadas”.
Situação na Síria
No Noroeste da Síria vivem cerca de 4,1 milhões de pessoas que dependem da assistência humanitária, na sua maioria mulheres e crianças.
O OCHA sublinhou que uma das cidades mais afetadas pelo sismo inicial foi Gaziantep – um importante centro de ajuda da ONU para o norte da Síria. É importante relembrar que a ONU, juntamente com parceiros humanitários, assiste mensalmente cerca de 2.7 milhões de pessoas no noroeste da Síria. Isto ilustra claramente a dimensão da catástrofe vivida neste momento no país.
A agência de refugiados da ONU na Síria (ACNUR) salientou que estava “a coordenar ativamente uma resposta com Agências da ONU e outros atores humanitários para prestar assistência e apoio às pessoas mais necessitadas”.
Ainda zonas como Aleppo e Idlib, no norte da Síria, milhares de edifícios desmoronaram, incluindo dois hospitais. Para dificultar a situação, as condições meteorológicas, de neve e chuva, não tem ajudado o trabalho das equipas de salvamento.
Crianças em risco
Após um pedido oficial de assistência internacional de Ancara, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) confirmou que estava pronto a apoiar a resposta de emergência.
O facto deste terramoto ter acontecido de madrugada apanhou as pessoas desprevenidas, levando a um maior número de vítimas, entre as quais inúmeras crianças que estavam a dormir. “A nossa prioridade imediata é assegurar que as crianças e as famílias afetadas recebam o apoio de que tanto necessitam” disse Catherine Russell, diretora-executiva da UNICEF.
É provável que escolas, hospitais e outras instalações médicas e de educação tenham sido danificadas ou destruídas pelos terramotos, causando um impacto ainda maior nas crianças. Assim, os potenciais danos nas estradas e nas infraestruturas críticas dificultarão também os esforços de resgate e a resposta humanitária em geral.
Como ajudar?
Considerando não só o forte inverno que se faz sentir na região, com uma previsão de baixas temperaturas e de neve, mas também as réplicas e abalos secundários que ainda se fazem sentir em ambos os países, a ajuda humanitária e internacional é vital.
Existem muitas formas de ajudar, através de doações para várias organizações e entidades que há muito se encontram no terreno. Da mesma forma, é possível ajudar através da sensibilização para a situação e pela promoção de políticas e de estratégias preventivas e de resposta de emergência.
Sociedade Médica Sírio-Americana
International Rescue Committee