Portugal reitera defesa do multilateralismo e apoio ao Pacto do Futuro

Primeiro-ministro reafirma apoio inequívoco à reforma da governação internacional, destaca trabalho do secretário-geral  e garante que Portugal continuará a investir em energias renováveis e na eliminação dos combustíveis fosseis;  Lisboa alinha-se com o Brasília para que o português se torne língua oficial das Nações Unidas.

 

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, começou o seu discurso na 79.ª Sessão da Assembleia- Geral das Nações Unidas referindo a frágil situação da paz em várias regiões do mundo e reiterou que “Portugal é defensor intransigente do multilateralismo como método de cooperação e de organização do sistema internacional.” Por esta razão, o chefe do governo português sublinhou que o país apoia “o Pacto do Futuro, adotado no quadro da Cimeira do Futuro, que ilustra a visão e o espírito reformador do secretário-geral António Guterres.”

“Este Pacto reflete renovada fonte de esperança no multilateralismo e nos três pilares centrais da ação das Nações Unidas: o desenvolvimento sustentável, os Direitos Humanos e a paz e segurança mundiais. É com essa confiança no multilateralismo que Portugal, com a continuidade e coerência que caracteriza a nossa política externa, é candidato a um lugar de membro não-permanente do Conselho de Segurança, para o biénio 2027-2028.” – explicou Montenegro na sua primeira intervenção na Assembleia-Geral da ONU.

O secretário-geral reuniu com o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro. Uma reunião bilateral onde o secretário-geral manifestou o seu apreço pela estreita cooperação entre as Nações Unidas e Portugal, reconhecendo particularmente o contributo de Portugal para a manutenção da paz na República Centro-Africana. Os dois líderes discutiram ainda a Cimeira do Futuro e a implementação do Pacto do Futuro e trocaram também pontos de vista sobre a situação no Médio Oriente. Foto ONU/Eskinder Debebe

Reforma

Lembrando as palavras do secretário-geral de que o multilateralismo enfrenta um dilema fundamental, Montenegro afirmou: “Não hesitamos. Queremos avançar com a reforma do sistema de governação global para garantir maior representatividade, transparência, justiça e cooperação. Esse é o caminho que nos aponta o Pacto do Futuro: redesenhar a arquitetura financeira internacional, promovendo um maior alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”

Portugal defende também uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas que “o torne mais representativo, ágil e funcional”, apoiando não só a representação de países africanos mas também “as pretensões do Brasil e da Índia de se tornarem membros permanentes.”

 

Conflitos

Durante o sue discurso, Luís Montenegro denunciou a “violação flagrante do direito internacional” que constitui a guerra de agressão da Federação Russa contra a Ucrânia” que Portugal “condena veementemente”.

O primeiro-ministro partilhou também a sua profunda preocupação “com a situação humanitária e a perigosa escalada na região do Médio Oriente”, apelando “à máxima contenção das partes para evitar o aumento da escalada” no Líbano.

Condenando os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas a 7 de outubro de 2023, Portugal exige a libertação de todos os reféns, mas não se conforma “com o desastre humanitário e o crescimento do número de vítimas civis em Gaza” afirmou Montenegro, lembrando que o país defende “a implementação da solução dos 2 Estados– a única que poderá trazer paz e estabilidade à região.”

Veja intervenção do primeiro -ministro de Portugal na 79ª sessão da Assembleia-Geral da ONU:

Clima

O chefe de Governo de Portugal abordou ainda o tema das alterações climáticas, classificando-as como “a ameaça existencial do nosso tempo” e reiterou que o país “mantém-se empenhado em investir em energias renováveis e na supressão dos combustíveis de origem fóssil.”

Portugal tem como objetivo incorporar 47% de renováveis no consumo final de energia até 2030.

 

Língua oficial

“É com muito orgulho que falo em português. Além de ser o quarto idioma mais falado no mundo como língua materna, unindo hoje mais de 260 milhões de pessoas em todos os continentes, a língua portuguesa é língua oficial e de trabalho em 33 organizações internacionais, desde logo, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Com esta afirmação Luís Montenegro reiterou a “legítima a ambição desta comunidade de ver a língua portuguesa reconhecida como língua oficial das Nações Unidas”, adiantando que conversou com o presidente Lula da Silva do Brasil sobre o “empenho e disponibilidade para em conjunto com todos os países que falam a língua portuguesa concretizar este objetivo.”

Montenegro terminou a sua intervenção garantindo que “o mundo pode contar com Portugal ao tratar de causas comuns e em favor de uma visão para um futuro de progresso” e sublinhando também que “o caminho que temos pela frente é árduo e incerto, mas o objetivo está traçado. Iremos trilhá-lo com esperança e confiança. Nesta trajetória, as Nações Unidas e a comunidade internacional podem contar com Portugal.”

Veja a entrevista do primeiro-ministro de Portugal à ONU News em Português: