No último relatório lançado antes da Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas, em Paris, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anuncia “más notícias para o planeta”, alertando que 2015 foi o ano mais quente registado, atingindo o marco simbólico de 1ºC acima da era pré-industrial.
O período de 2011 a 2015 também foi o mais quente, com muitos eventos meteorológicos extremos, especialmente ondas de calor, substancialmente exacerbados pelas alterações climáticas devido à ação humana, afirmou agência de meteorologia das Nações Unidas.
“O estado do clima global em 2015 vai fazer História por um número de razões”, disse o Secretário-Geral da OMM, Michel Jarrud, realçando que o clima deste ano também foi afetado pelo El Niño, um padrão cíclico meteorológico de secas devastadoras e cheias catastróficas que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
“Os níveis das gases de efeito de estufa na atmosfera bateram novos recordes. Na primavera de 2015, no Hemisfério Norte, a média de concentração de CO2 na atmosfera, em três meses, passou as 400 partes por milhão pela primeira vez. Como resultado, 2015 deverá ser o ano mais quente registado, com as temperaturas da superfície do oceano mais altas desde que o seu registo foi iniciado”, afirmou.
“É provável que o limiar de 1ºC seja ultrapassado. Isto são más notícias para o planeta. Emissões de gases com efeito de estufa, que são uma causa das alterações climáticas, podem ser controladas. Temos o conhecimento e as ferramentas para atuar. Temos uma escolha. As gerações futuras não”, sublinhou Michel Jarrud.
Esta é a tarefa mais importante que os líderes mundiais vão ter quando se reunirem, em Paris, a partir de 30 de novembro, para uma cimeira de duas semanas que visa manter o aumento médio da temperatura global em menos de 2ºC face aos níveis pré-industriais.
No seu ultimo relatório antes da cimeira, também a Convenção Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas (CQNUAC) destacou vários passos que podem seer dados imediatamente para reduzir os gases com efeito de estufa com origem na ação humana: mudança de combustíveis fósseis para energias renováveis, melhor gestão dos transportes e melhor uso da terra.
El Niño de 2015 ameaça ser devastador
O El Niño deste ano, que ainda está a ganhar força e que ameaça tornar-se um dos mais fortes alguma vez registados, está a afetar os padrões meteorológicos em várias partes do mundo e fez com que o passado mês de outubro fosse excecionalmente quente, com os impactos a poderem sentirem-se até 2016.
Uma estimativa preliminar – com base em dados de janeiro até outubro – demonstra que a média da temperatura global para 2015 foi cerca de 0,73ºC acima da média do período de 1961 a 1990 (de 14ºC) e aproximadamente 1 grau acima do período pré-industrial de 1880 a 1889, relatou a OMM.
A agência alerta para o facto da América do Sul e da Ásia estarem a registar o seu ano mais quente, enquanto que a África e a Europa registam o seu segundo ano mais quente.
A agência sublinhou que, dos 79 estudos publicados pelo Boletim da Sociedade Meteorológica Americana entre 2011 e 2014, mais do que metade concluíram que as alterações climáticas antropogénicas contribuem para eventos meteorológicos extremos – sendo a influência mais consistente no calor extremo.
Alguns estudos concluem que aumentou mais de 10 vezes a probabilidade destes eventos extremos ocorrerem.
Alguns exemplos:
-altas temperaturas bateram recordes (a nível anual e sazonal) nos Estados Unidos, em 2012, e na Austrália, em 2013
-verões quentes no Leste da Ásia e na Europa Ocidental, em 2013
-ondas de calor na primavera e outono de 2014, na Austrália
-calor recorde anual na Europa, em 2014
-onda de calor na Argentina, em dezembro de 2013
Fenómenos a longo-prazo, que ainda não foram alvo de estudos formais, são consistentes com projeções de alterações climáticas a curto e a longo prazo.
Estes incluem o aumento de incidências de secas que duram anos nos subtópicos, como se manifestou no período de 2011 a 2015, no sul dos EUA, partes do sul da Austrália e sul de África.
Saiba mais sobre a COP21:
Site da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável
Site do Governo da França sobre COP21
27 de novembro de 2015, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC