Guterres alerta: “sem fertilizantes em 2022, poderá não haver alimentos suficientes em 2023”

UN Photo/Mark Garten

Depois da visita ao Porto de Odessa, na Ucrânia, onde pôde testemunhar uma “operação notável e inspiradora” de partida dos navios com carregamentos de alimentos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, esteve em Istambul, na Turquia, onde destacou a importância do acesso dos alimentos aos mercados globais. 

Mais de 650.000 toneladas métricas de cereais e outros alimentos estão a caminho dos mercados em todo o mundo. “Vi, em primeira mão, o carregamento de uma carga de trigo. Fiquei tão emocionado ao ver o trigo a encher o porão do navio. Foi o carregamento de esperança para tantos em todo o mundo”, considerou o líder da ONU. 

Uma emoção que não esquece que este processo é apenas uma parte da solução. Guterres alerta para a importância da outra parte do acordo, o acesso livre aos mercados globais de alimentos e fertilizantes russos, não sujeitos a sanções.  

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“É importante que todos os governos e o setor privado cooperem para os trazer para o mercado. Sem fertilizantes em 2022, poderá não haver alimentos suficientes em 2023. Tirar mais alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia é fundamental para acalmar os mercados de mercadorias e baixar os preços para os consumidores”, afirmou o secretário-geral. 

António Guterres congratulou todos os envolvidos no Centro de Coordenação Conjunta, garantindo “total apoio e empenho” nas Nações Unidas neste processo.  

Um dos navios prontos para partir do Porto do Centro de Coordenação Conjunta, em Istambul, é uma embarcação do Programa Alimentar Mundial (PAM), O Brave Commander, que vai transportar toneladas de trigo ucraniano para o Nordeste Africano.  

Esta região atravessa uma situação de seca sem precedentes. A crise deixou cerca de 22 milhões de pessoas em toda a Etiópia, Quénia e Somália em situação de fome aguda. Os animais estão a morrer e há escassez de água e de alimentos. Mais de um milhão de pessoas fugiram das suas casas e estão agora a viver em campos superpovoados, onde os agentes humanitários atuam para tentar satisfazer as necessidades que se fazem sentir.