A paridade de género nos parlamentos não será alcançada até 2063, serão necessários 137 anos para que não haja mulheres ou raparigas na pobreza e até 1 em cada 4 raparigas casa antes de atingir a idade adulta. Na mesma linha, ao ritmo atual, serão necessários 257 anos para reduzir a disparidade salarial entre homens e mulheres a nível mundial.
Estes são os dados do relatório da ONU Mulheres (2024) publicado esta segunda-feira no âmbito do Dia Internacional da Igualdade Salarial.
Quase 30 anos após a Declaração de Pequim e apenas a 6 anos de 2030, embora se registem progressos, estes não são suficientes. Até à data, nenhum dos indicadores do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, relacionado com a igualdade de género, foi cumprido.
Desigualdade de género nas perdas económicas
A disparidade de género provoca perdas e isto é demonstrado pelo custo de uma educação fornecida de forma inadequada e desigual às populações jovens, mais de 10 mil milhões de dólares perdidos. Além disso, estima-se que, se os países de baixo e médio rendimento não eliminarem a exclusão digital, poderão perder 500 mil milhões de dólares adicionais em cinco anos.
“O custo da inação em matéria de igualdade de género é imenso e os benefícios de a alcançar são demasiado grandes para serem ignorados”, afirmou o subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Económicos e Sociais.
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A disparidade salarial em Portugal
Portugal não está imune a esta situação. O fosso salarial entre os trabalhadores e as trabalhadoras é de 13,1% em Portugal, o que supera a média europeia. Os dados são da empresa de recursos humanos Michael Page, na véspera do Dia Internacional da Igualdade Salarial, data fixada pela Organização das Nações Unidas (ONE) para colocar o holofote na desvalorização do trabalho tradicionalmente desempenhado por elas.
“A diferença salarial entre homens e mulheres é de 13,1%, acima da média europeia, que se situa nos 12,7%”, salienta a Michael Page.
Ferramentas para reduzir as disparidades de género
É urgente que os países reafirmem os seus compromissos para acelerar a igualdade de género e os direitos das mulheres. Para tal, o relatório recomenda ações de elevado impacto nas chamadas 6 transições para revitalizar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: sistemas alimentares; acesso e acessibilidade à energia; ligação digital; educação; trabalho e proteção social; alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição. Cada uma destas transições está interligada com a igualdade de género e a sua abordagem requer ações complementares, como a eliminação da violência contra as mulheres, a garantia da sua participação igualitária na tomada de decisões e o reforço da paz e da segurança.