Artigo original publicado em inglês pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP).
Os resíduos estão a tornar-se uma questão cada vez mais urgente: para o nosso ambiente, para as nossas sociedades e para a saúde humana. Fazer a transição para um futuro sem resíduos não é apenas um objetivo ambicioso, mas uma necessidade. E pode ajudar-nos a aproximarmo-nos da realização do 12ª objetivo de desenvolvimento sustentável, que se foca em padrões de produção e consumo responsáveis.
O conceito de desperdício zero representa uma mudança sistémica que exige repensar os nossos padrões de consumo e métodos de produção para reduzir a poluição, conservar os recursos e minimizar a quantidade de resíduos que geramos.
Embora a visão de desperdício zero tenha atraído muita atenção, existem alguns equívocos comuns. Vamos desmistificar três desses mitos e compreender melhor como o desperdício zero pode funcionar na prática.
Mito 1: Desperdício zero significa não produzir absolutamente nenhum resíduo
Um dos maiores equívocos sobre o conceito de desperdício zero é a crença de que significa não produzir absolutamente nenhum resíduo. Desperdício zero é um objetivo a longo prazo de uma jornada que temos de começar hoje. Embora o objetivo final seja minimizar o desperdício tanto quanto possível, atingir o desperdício zero no seu sentido mais literal é incrivelmente desafiante, se não impossível, nas sociedades atuais.
O desperdício zero consiste em fazer escolhas conscientes para reduzir os resíduos em todos os aspetos da nossa vida. Tal envolve conceber os possíveis resíduos do processo de produção já desde a fase inicial, a criação de modelos de reutilização e reparação e a reciclagem segura de produtos que não podem ser reutilizados. Embora algumas pessoas possam pensar que esta transição é inconveniente ou dispendiosa, pode efetivamente poupar dinheiro a longo prazo, reduzindo a necessidade de serviços de eliminação e limitando os custos associados à destruição da natureza e aos impactos negativos na saúde.
Mito 2: Desperdício zero tem tudo a ver com reciclagem
Embora a reciclagem seja uma componente importante da redução de desperdício, devemos ter em conta que, atualmente, menos de 20% dos resíduos são reciclados todos os anos. A maior parte dos resíduos continua a ir parar à natureza ou aos aterros sanitários e lixeiras do mundo. Sem alterações drásticas, prevê-se que, até 2050, a quantidade de resíduos globais produzidos aumente 70% em relação aos níveis de 2016.
Simplesmente, reciclar não será suficiente para sair desta crise. Em vez disso, temos de resolver o problema na fonte e é exatamente disso que se trata: evitar a produção de desperdício em primeiro lugar, reutilizar materiais e redesenhar produtos e processos para minimizar os resíduos.
Mito 3: O desperdício zero é para os indivíduos, não para as empresas
A responsabilidade de reduzir o desperdício é frequentemente promovida como uma escolha de estilo de vida para os indivíduos. No entanto, as empresas têm um impacto significativo na produção de resíduos e podem dar contributos substanciais para um futuro sem desperdício.
As políticas governamentais podem encorajar as empresas a adotarem uma abordagem holística para a eliminação de resíduos, promovendo a conceção de produtos que dêem prioridade à durabilidade, à possibilidade de reparação e à reutilização. Podem também impor objetivos de redução de desperdício às empresas e incentivá-las a adotar práticas sustentáveis. As empresas podem implementar estratégias de desperdício zero concebendo os resíduos desde o início, reavaliando as suas cadeias de abastecimento, reduzindo os resíduos de embalagens e estabelecendo parcerias com fornecedores que dão prioridade à sustentabilidade.
Alcançar a meta de desperdício zero exige o esforço coletivo dos governos, das empresas e dos cidadãos. Com as políticas e práticas empresariais corretas em vigor, podemos concretizar esta importante visão e criar um planeta mais limpo, mais verde e mais saudável para todos.
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