A menos de 48 horas para o fim da Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, o secretário-geral das Nações Unidas apelou a uma ação global imediata para o clima ainda na COP28.
“Chegou a altura de ter a máxima ambição e flexibilidade”
Com fim datado para dia 12 de dezembro de 2023 e a meio caminho da Agenda 2030, as expetativas para a COP28 eram elevadas, supondo-se que a conferência pudesse vir a constituir um ponto de viragem para o alcance de medidas concretas para salvar o limite de temperatura estabelecido pelo Acordo de Paris.
“Como afirmei na abertura da COP28, o nosso planeta está a minutos da meia-noite do limite de 1,5º C”, assim principiou o discurso de António Guterres.
Num apelo urgente à ação, o secretário-geral da ONU enfatizou o estado precário do nosso planeta, referindo que “é tempo de procurar soluções de compromisso”, num ano especialmente marcado por fenómenos climáticos extremos. António Guterres instou os líderes a ultrapassarem as barreiras políticas, sublinhando a necessidade de uma ambição sem precedentes e de flexibilidade nas negociações. O líder mundial mencionou ainda a importância de negociar de boa-fé, ultrapassando posições entrincheiradas e enfrentando os desafios estabelecidos pelo presidente da COP, Dr. Sultan Ahmed Al Jaber.
“Não podemos continuar a pontapear a lata pela estrada fora”
“Estamos sem estrada e quase sem tempo.”, acrescentou o líder das Nações Unidas. Num mundo atual “fraturado e dividido”, a COP28 demonstra que o multilateralismo é “a nossa melhor esperança para enfrentar os desafios globais”, sendo que o plano de máxima ambição a ser delineado no seu rescaldo implica duas frentes.
Por um lado, temos de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Para tal, Guterres teceu um apelo a um plano claro para triplicar as energias renováveis, duplicar a eficiência energética e atacar a causa principal: a produção de combustíveis fósseis. Propôs o Pacto de Solidariedade Climática, defendendo que os grandes emissores devem reduzir as emissões e que os países mais ricos devem apoiar as economias emergentes.
Por outro lado, é imperativo garantir a justiça climática. Guterres elogiou os passos dados na COP28 para operacionalizar o Fundo de Perdas e Danos e repor o Fundo Verde para o Clima. Nesse sentido, instou os países desenvolvidos a cumprirem de forma transparente os compromissos em matéria de financiamento e adaptação.
“Os próximos dois anos são vitais”
Olhando para o futuro, Guterres sublinhou a importância dos próximos dois anos para o estabelecimento de um novo objetivo global de financiamento do clima e encorajou os governos a apresentarem planos de ação nacionais abrangentes em matéria de clima, alinhados com o limite de 1,5ºC.
Salientando que um plano sem meios claros de implementação é como “um carro sem rodas” e à medida que a conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas entra na última fase de negociações, o secretário-geral transmitiu uma mensagem clara e de urgência face à emergência climática.
“Temos de concluir a COP28 com um resultado ambicioso que demonstre uma ação decisiva e um plano credível para manter o objetivo de 1,5ºC vivo e proteger aqueles que estão na linha da frente da crise climática.”