O Centro Regional de Informação das Nações Unidas para a Europa Ocidental (UNRIC) é um dos parceiros institucionais da 9ª edição das Conferências do Estoril, que se realizam subordinadas ao tema “Time to Rethink”. Ao longo de dois dias, mais de mil pessoas reúnem-se em Cascais, Portugal, para travar um diálogo intergeracional, juntando vozes de todo o mundo para discutir os desafios mais prementes da humanidade. Assinalando o Dia das Nações Unidas, o evento conta com a participação de vários representantes da ONU e ilustres oradores internacionais.
A diretora do UNRIC, Sherri Aldis, é uma das oradoras principais da conferência. Apresentou as suas ideias sobre “Como as Nações Unidas estão a moldar o futuro do multilateralismo: defender a integridade da informação para a harmonia global”. Durante a sua palestra, destacou os esforços recentes da ONU para reformar o sistema multilateral, abordando áreas-chave como a paz e a segurança, os direitos humanos, a ação climática e a integridade da informação.
Coincidindo com o Dia das Nações Unidas,a conferência contou com os contributos de Jorge Moreira da Silva, diretor executivo do Escritório das Nações Unidas para os Serviços de Projetos (UNOPS); Marta Lorenzo, diretora do Gabinete de Representação da UNRWA para a Europa; e Mónica Ferro, diretora do Escritório de Londres do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA).
As apresentações abordaram questões críticas, incluindo o ambiente, a paz, a política, a IA e a tecnologia, e a saúde e a longevidade. Olena Zelenska, primeira-dama da Ucrânia; Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente de Portugal; José Ramos-Horta, Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz de 1996; e Oleksandra Matviichuk, presidente do Centro para as Liberdades Civis e Prémio Nobel da Paz de 2022, foram alguns dos oradores que participaram nesta iniciativa.
Mensagem do secretário-geral da ONU
O secretário-geral das Nações Unidas enviou uma mensagem de apoio ao evento, sublinhando que o tema deste ano, “Time To Rethink”, está alinhado com o espírito do Pacto para o Futuro, adotado no mês passado nas Nações Unidas. O secretário-geral referiu-se a este documento como um apelo histórico à realização de reformas destinadas a tornar as instituições globais mais representativas, justas e eficazes, em linha com os valores da Carta das Nações Unidas.
Guterres destacou que o Pacto para o Futuro reconhece que os desafios do século XXI exigem soluções do século XXI. Estas soluções visam criar um mundo onde o diálogo e a diplomacia conduzam a uma paz justa e duradoura, onde as instituições mundiais reflitam a realidade atual, onde as tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, sirvam toda a humanidade com salvaguardas adequadas, e onde sejam feitos esforços para desmantelar os sistemas que perpetuam as desigualdades.
Pacto para o Futuro
Durante a sua palestra, a diretora do UNRIC, Sherri Aldis, explicou o significado do Pacto para o Futuro, descrevendo-o como uma oportunidade única para a comunidade internacional enfrentar os desafios mundiais atuais e emergentes e reformar as instituições internacionais obsoletas.
O Pacto estabelece um novo roteiro para a cooperação internacional nas próximas décadas, incluindo compromissos inovadores em áreas como a reforma do Conselho de Segurança, a governação do espaço exterior, o financiamento internacional e a garantia dos direitos dos jovens e das gerações futuras. Sherri Alids destacou ainda o acordo entre os Estados-membros sobre um Pacto Digital Global, que representa o primeiro acordo verdadeiramente universal sobre a governação da inteligência artificial. Este pacto garante a cada país um lugar à mesa da IA e compromete todas as nações a garantir o acesso global à Internet, reconhecendo que o acesso a informação fiável e precisa é fundamental para um espaço digital inclusivo, seguro e protegido.
Integridade da informação
Dirigindo-se a mais de mil participantes, Sherri Aldis partilhou a visão da ONU para um mundo sem divisões digitais, onde todos beneficiem da economia digital, usufruem de um espaço digital seguro e onde a inteligência artificial é aproveitada para o bem da humanidade. A responsável explicou como a ONU está a combater ativamente a desinformação e o discurso de ódio – questões que afetam pessoas em todo o mundo.
Segundo a diretora do UNRIC, a desinformação digital está também a comprometer o trabalho das próprias Nações Unidas, afetando os esforços relacionados com o desenvolvimento sustentável, os direitos humanos e a paz e segurança internacionais.