Cine ONU: “Lindo” celebra língua portuguesa e alerta para desafios dos ecossistemas

Painel de discussão moderado por Sherri Aldis, diretora do UNRIC. Margarida Gramaxo, realizadora do documentário, Sophie Mirgot, enviada especial da Bélgica para os oceanos, Vera Coelho, vice-presidente adjunta da Oceana para a Europa e Pablo Sagredo Martin, funcionário do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.

Para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa (UNESCO) e a Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas, a Embaixada de Portugal junto do Reino da Bélgica, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) e o Centro Regional das Nações Unidas para a Europa Ocidental (UNRIC) organizaram uma sessão do Cine ONU, com a apresentação do filme “Lindo”, de Margarida Gramaxo, em Bruxelas.

O documentário conta a história de Lindo que, durante 20 anos, caçou tartarugas marinhas na Ilha do Príncipe. Depois de um encontro inesperado com uma tartaruga extraordinariamente gentil, Lindo decidiu mudar a sua vida e começar a proteger o animal de outros predadores. Agora, Lindo mergulha no seu passado em busca de pistas que suscitam um debate sobre o futuro da ilha, levando a uma reflexão sobre o desafiante equilíbrio entre o Homem e a Natureza.

Embaixador de Portugal Jorge Cabral, Sherri Aldis, diretora do UNRIC, Margarida Gramaxo, realizadora do documentário, Sophie Mirgot, enviada especial da Bélgica para os oceanos, Vera Coelho, vice-presidente adjunta da Oceana para a Europa e Pablo Sagredo Martin, funcionário do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.

O início desta edição do CINE ONU contou com uma intervenção do embaixador de Portugal, Jorge Cabral, que sublinhou que “a língua portuguesa é o veículo de uma extraordinária riqueza cultural, unindo famílias, comunidades e nações, de um lado ao outro do mundo”.

O debate, moderado pela diretora do UNRIC, Sherri Aldis, começou com uma breve apresentação do documentário por parte da realizadora, que explicou como surgiu a ideia de contar a história de Lindo. “Em 2016 foi quando percebi realmente como é aquela ilha e fiquei fascinada, por isso decidi que este documentário tem de ser uma carta de amor para com a natureza”. Margarida mencionou também alguns dos desafios que enfrentou durante a realização do documentário, como a necessidade de estabelecer a confiança dos locais, um processo demorado, e também a dificuldade em gravar certas partes com as tartarugas no seu habitat.

De seguida, a enviada especial da Bélgica para os oceanos, Sophie Mirgot, fez a ligação entre o documentário e a importância de restauração dos ecossistemas e a proteção dos oceanos. Sophie afirmou que ” se queremos que o oceano continue a ter um papel tão positivo no nosso ecossistema, como absorver o calor excessivo provocado pelas alterações climáticas, temos de o manter saudável”. A enviada especial da Bélgica para os oceanos realçou também a importância de olhar para os nossos oceanos como um só, afirmando apenas dessa maneira é possível fazer a diferença.

 

Cinema Galeries, Bruxelas

A vice-presidente adjunta da Oceana para a Europa, Vera Coelho, esteve também presente neste painel onde mencionou que aquela Organização Não-Governamental (ONG) trabalha continuamente para exercer influência nas políticas europeias, afirmando com orgulho que “conseguimos alcançar uma política comum de pescas que proíbe muito explicitamente a sobrepesca”. Vera fez também questão de relembrar a audiência acerca da importância dos oceanos, “se não fossem os oceanos, a nossa atmosfera estaria, atualmente, 30 graus mais quente, daí mais uma razão para os proteger”. Pablo Sagredo Martin, funcionário do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), aprofundou o tema dos países em desenvolvimento. Pablo mencionou a Blue Transformation Innitiative, cujo objetivo é encontrar um equilíbrio entre assegurar uma vida adequada para pescadores e famílias que dependem dos oceanos e ter práticas sustentáveis para com os mesmos.

Esta temática insere-se na Década da Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas que tem por objetivo prevenir, travar e reverter a degradação dos ecossistemas em todos os continentes e oceanos. A recuperação dos ecossistemas ajudará a erradicar a pobreza, combater as mudanças climáticas e a prevenir uma extinção em massa.