O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon manifestou repetidamente a sua angústia e profunda preocupação com a escalada de violência em Israel e na Palestina. Num esforço para ajudar a diminuir as atuais tensões, Ban Ki-moon viajou, esta terça-feira, para a região, para reunir com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o presidente da Autoridade Plaestiniana, Mahmoud Abbas, e outros altos dirigentes.
O Secretário-Geral também se reunirá com as vítimas israelitas e palestinianas das recentes hostilidades e ataques terroristas.
Face à grande tensão no Médio Oriente, Ban Ki-moon exortou diretamente os líderes de ambos os lados a acabarem com a “postura e atitude altamente perigosas” e procurarem seriamente seguir a solução de dois Estados, porque esta é “a única solução capaz de acabar com o longo período de ódio, derramamento de sangue e medo”.
“Estou consternado – como todos devemos estar – quando vejo jovens e crianças a pegarem em armas e prontas para matar”, declarou o Secretário-Geral numa mensagem sobre o que classificou como uma “perigosa escalada de violência em todo o Território Palestiniano Ocupado e Israel, especialmente em Jerusalém”.
Ban Ki-moon sublinhou que “a violência só vai minar as legítimas aspirações palestinianas de terem um Estado reconhecido e os anseios dos israelitas em termos de segurança.”
A mensagem do chefe da ONU surge em sequência a um aumento na violência desde o início de setembro. Uma série de confrontos, cada vez mais violentos, entre palestinianoos e israelitas, incluindo o envolvimento das forças de segurança israelitas, marcaram o no mês de outubro.
Foram relatados incidentes em mais de 50 locais diferentes, incluindo Jerusalém Oriental, Ramallah, Hebron, Belém, Jenin, Tulkarem e Nablus.
Já na sexta-feira passada, o Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou uma sessão de emergência e foi informado sobre o último incidente violento, no qual um grupo de palestinianos incendiou um local sagrado na cidade de Nablus.
“Digo aos jovens da Palestina que entendo a sua frustração. Eu sei que as vossas esperanças de paz foram interrompidas inúmeras vezes. Estão irritados com a contínua ocupação e expansão dos colonatos. Muitos de vós estão dececionados com os vossos líderes e com a comunidade internacional, devido à incapacidade em acabar com este conflito”, disse Ban Ki-moon.
O papel dos jovens e o papel dos líderes políticos
O Secretário-Geral acrescentou que os jovens palestinianos devem transformar as frustrações “numa voz forte, mas calma, para a mudança.”
Ban Ki-moon também se dirigiu aos líderes palestinianos e pediu para “mobilizarem a energia de seu povo de uma forma pacífica, que permita tornar em realidade os seus sonhos e aspirações”. O chefe da ONU acrescentou que “não peço que o povo seja passivo, mas que não faça uso das armas do desespero.”
“Todos temos direito a viver uma vida decente com dignidade, respeito e liberdade. Eu sei que este é o vosso objetivo e é também o nosso. Mas isso só pode ser alcançado através da criação de um Estado palestiniao que viva lado a lado, de forma pacifica, com Israel e não através dos atos violentos que temos vindo a assistir”, disse.
Em palavras dirigidas expressamente aos líderes e ao povo de Israel, Ban Ki-moon disse “compreender a genuína preocupação com a paz e a segurança”.
“Também entendo a raiva que muitos israelitas sentem. Quando as crianças têm medo de ir à escola, quando qualquer pessoa que ande na rua pode ser uma potencial vítima, a segurança é justamente a prioridade imediata. Mas paredes, postos de controlo, respostas duras por parte das forças de segurança e demolições de casas não vão assegurar a paz e a segurança de que precisam e merecem”, acrescentou.
“Tanto o povo de Israel quanto o povo da Plaestina precisam de um horizonte político para quebrar este ciclo de violência e medo. A ONU continuará a apoiar todos os esforços para criar as condições necessárias para que haja um retorno às negociações. Nesse sentido, nós nunca vacilamos”, enfatizou Ban Ki-moon.
O Secretário-Geral também pediu aos líderes de ambos os lados para “se manterem firmes contra o terrorismo e a incitação à violência”, e a demonstrarem “por palavras e ações que o status quo histórico dos locais sagrados em Jerusalém será preservado.”
“É preciso trabalhar seeriamente para alcançar uma solução capaz de acabar com o derramamento de sangue, o ódio e o receio de que este conflito se torne ainda mais grave a longo prazo É de coragem e liderança que os povos desta Terra Santa necessitam e merecem”, concluiu o Secretário-Geral.