“O nosso mundo está com grandes problemas” afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, no discurso de abertura da Semana de Alto Nível da 77ª Assembleia Geral da ONU. Apelando à necessidade de cooperação, financiamento e ação, Guterres não poupou críticas aos que promovem a desigualdade e chamou a atenção dos problemas que assolam o nosso planeta e ameaçam a sobrevivência das próximas gerações.
Multilateralismo
Mencionando o sucesso da Iniciativa de Cereais do Mar Negro, que além de permitir o transporte de alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia, sublinhou o que as nações podem alcançar se decidirem agir em conjunto. Em tempos de guerra, conseguir um acordo destes pode parecer um milagre, mas na realidade “é a diplomacia multilateral em ação” enfatiza Guterres, explicando que quando há interesse, é possível concretizar as mais difíceis tarefas.
O líder da ONU elencou inúmeros perigos que ameaçam não só a humanidade, mas também o seu desenvolvimento sustentável. Seja o ódio espalhado através das novas tecnologias, a proliferação de desinformação, o terrorismo, a multiplicidade de crises que afetam todos os setores, ou tensões geopolíticas que impedem o progresso em todas estas questões.
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Crise Climática
O secretário-geral salientou também a “nossa batalha suicida contra a natureza”, afirmando que a crise climática é o problema determinante da atualidade e deve ser a prioridade de todos os governos. O diplomata criticou a indústria dos combustíveis fósseis, que prospera e lucra, enquanto os mais vulneráveis e pobres (que menos contribuem para esta crise) sofrem os piores impactos. Guterres destacou esta questão reforçando que “temos de responsabilizar as empresas de combustíveis fósseis e os seus promotores” e que é necessário taxar os lucros destas empresas.
A esta calamidade, o secretário-geral acrescentou ainda a situação do aumento do custo de vida, que inevitavelmente se reflete nas demais crises: atrasa a transição energética, agrava desigualdades, cria obstáculos, ameaça o colapso financeiro. Afirmando que “o sistema financeiro atual foi criado por países ricos para servir os seus interesses”, Guterres referiu o Novo Acordo Global, uma proposta para reequilibrar o poder e os recursos entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento.
Tendo em conta que sem cooperação e sem diálogo, não é possível uma resolução conjunta de problemas, Guterres terminou o seu discurso apelando à criação de soluções comuns para problemas comuns, com base na boa vontade, confiança e nos direitos partilhados por cada ser humano.