A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, está na Tunísia para a 8ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano.
Ela ressaltou que os países africanos têm todos os pré-requisitos para o caminho do desenvolvimento sustentável, e sua integração na economia mundial superará muitos dos obstáculos atuais.
Continente jovem
Segundo Mohammed, a comunidade internacional deve mudar sua percepção da África de um continente dependente para uma região chave no cenário global, com os mesmos direitos e posição de outros continentes. .
Mais de 1,2 bilhão de pessoas vivem na África. Aproximadamente 60% da população africana tem menos de 35 anos. A rápida urbanização nos países africanos promete novas oportunidades, inclusive no campo da industrialização do continente.
Amina Mohammed acredita que o continente pode se beneficiar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2063 para a África para seguir avançando.
A representante da ONU ressaltou que, para conseguir alcançar essas metas, a comunidade internacional deve, conjuntamente, reduzir as consequências das inúmeras crises.
Ela lembra que a recuperação da pandemia de Covid-19, as consequências da guerra na Ucrânia, a emergência climática e a crise financeira estão colocando populações já vulneráveis em desafios ainda maiores.
Amina Mohammed acrescentou que o conjunto de crises pode criar um terreno fértil para agravar conflitos existentes e gerar agitação, o que mina os esforços coletivos para alcançar os ODS.
A vice-chefe da ONU falou também sobre a Área Africana de Livre Comércio, que contribui para a industrialização, diversificação e digitalização das economias dos países da região, além de ajudar a fortalecer a cooperação regional.
Frentes de atuação
Amina Mohammed convocou a comunidade internacional a trabalhar em três frentes que beneficiariam as economias africanas e ajudariam a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Primeiro, ela afirma que é necessário o acesso universal à energia e uma transição justa e equitativa para a energia renovável. Nesse contexto, o vice-chefe da ONU pediu uma abordagem integrada para orientar os caminhos de desenvolvimento energético da África, baseados em investimentos sustentáveis e parcerias fortes.
Hoje, cerca de 600 milhões de pessoas na África enfrentam a escassez de eletricidade. Isso significa que o continente precisará de mecanismos para o desenvolvimento de fontes de energia limpa.
O atual aumento dos preços da energia também poderia encorajar os países africanos a aproveitar ao máximo o vasto potencial de energia renovável do continente. Mas isso requer investimentos oportunos em larga escala.
Em segundo lugar, a África precisa urgentemente transformar sistemas alimentares. Na opinião de Amina Mohammed, a Africa precisa aumentar a produtividade na agricultura e nos sistemas alimentares, utilizar novas tecnologias e sistemas modernos de irrigação, alcançar a mecanização agrícola e reduzir as perdas pós-colheita.
Ela concluiu afirmando que os problemas da África causados por crises interconectadas não serão resolvidos sem abordar as desigualdades.
Nações Unidas
O presidente da Tunísia, Kais Saied, esteve com a vice-secretária-geral e mencionou uma nova era no mundo com o Covid-19 e a guerra na Ucrânia, mas também na Tunísia com uma nova Constituição que estabelecerá uma melhor responsabilidade para todos e a sociedade de direitos para seu povo.
Ele reconheceu que a ONU desempenha um papel importante como “nações unidas”, “nações trabalhando juntas” para enfrentar os desafios. É a principal aspiração da Carta da ONU.
Amina Mohammed lembrou o convite do secretário-geral da ONU ao presidente tunisiano para participar da próxima Assembleia Geral e da importante Cúpula da Educação Transformadora.
Como professor, o presidente Saied poderia ajudar a redefinir e repensar a educação na África. O presidente confirmou seu interesse em participar e mencionou que é fundamental adequar a educação a esta nova era. Ele disse que um conselho supremo para educação e aprendizado está previsto na nova constituição da Tunísia.